sexta-feira, 25 de junho de 2010

Paixão Nacional


Não gosto de futebol nem tampouco concordo que um país inteiro deva parar suas atividades normais por causa de uma "peladinha" a nível internacional. Bancos, comércio, escolas, todas as pessoas - físicas e jurídicas - estacando, desperdiçando todo um dia produtivo para darem audiência a uma partida de futebol. A mesma partida que ele acompanha ao longo do ano às quartas-feiras após a novela das 20h00; o que muda agora, é que quem entra em campo são justamente os jogadores brasileiros "bons" o suficiente para jogarem em times europeus.

No mais, é o memso futebol... e o mesmo país que dá um boi para conseguir emprego e uma boiada para se ausentar dele, bebendo cerveja numa mesa de bar em plena sexta-feira onze horas da manhã.

Contudo, mesmo eu, averso ao futebol, não posso negar a força que este evento tem em solo nacional. Basta fechar os olhos nos momentos que antecedem a partida do Brasil para sentir quão forte é a energia que se instaura nas ruas, em todos os lugares. Um país inteiro! De crianças que antes mesmo de falar "mamãe" já balbuciam "basil" até os mais idosos que acoplam a bandeirinha auri-verde ao andador e lentamente cruzam as ruas rumo ao bar mais próximo.

São mais de 200.000.000 (duzentas milhões) de pessoas enviando as mesmas energias e expectativas aos guerreiros que lutam por vitória ao som de estridentes vuvuzelas... tais energias são tão fortes que quase se solidificam criando uma ponte transatlântica. É real.

Sucumbo-me à paixão nacional e desarmo minha frágil armadura. Torço, também, pelo Brasil. Não por um Brasil que se faz seleção de futebol em busca do Hexa Campeonato Mundial, mas torço por um Brasil de cidadãos que hão de sorrir e chorar juntos dependendo do resultado, torço por um Brasil carente de alegrias reais e concretas, que mesmo sem o prato de comida na mesa compra bandeira e camisa e tinta, tudo verde e amarelo.


É por este Brasil que torço e arrepio meus pelos mais insensíveis.

Vamos lá Brasil!

Rumo ao Hexa!

quinta-feira, 24 de junho de 2010

A recíproca é verdadeira


"Quanto mais me elevo, menor pareço aos olhos dos que não souberam voar" (Nietzche)


Analisando a infundada tentativa de Nietzche de definir a modéstia, não vejo outra resposta a não ser "a recíproca é verdadeira". Sim! Se a afirmação de que quanto mais me elevo menor eu fico vier agir em detrimento ao gozo da ascensão, como se a simples comemoração da vitória advinda de trabalho árduo aumentasse ou se transformasse em mesquinhez embasada em uma suposta falta de humildade, então não serei jamais modesto.


Palavras injustas a deste anti-hegeliano chorão!


A ambição é um sentimento natural ao ser humano; ambição é estratégia, é garantia de respaldo para as funções tanto básicas quanto específicas do viver contemporâneo. E este sentimento indispensável induz ao trabalho ininterrupto. O dinheiro ou o que quer que nos aprouver, não cairá do céu! Precisamos nos preparar para alcançar nossos sonhos. Estudamos, arriscamos e nos arriscamos, construímos tijolo a tijolo a escada da consquista que usaremos, futuramente, para alçar voo; para nos tornarmos pequenos ante olhares invejosos dos que não puderam (pois desistiram antes) voar.


Se a verdadeira modéstia implicar na abnegação dos louros da vitória então desconheço o porquê da luta! Todo o suor sangrado no campo de batalha terá sido em vão...


A recíproca é verdadeira!


Quanto mais me elevo menores ficam, aos meus olhos todos os que não puderam voar. Porque, ao contrário dos outros, eu prospectei asas e aprendi - na marra - como me manter nas alturas. Não é o que se eleva (o vencedor) quem fica menor, são os perdedores que nem mesmo lutaram. Quanto mais me elevo mais eu enxergo o horizonte e aonde ainda posso chegar; quanto mais me elevo mais eu tenho certeza de que é valioso não estagnar na mesmice, de que é nobre se antever às mudanças e adaptar-se a elas; quanto mais me elevo mais eu vejo o quanto sou grande e quão grandiosa é a dustância que me separa do ápice; quanto mais me elevo eu percebo o muito trabalho que ainda tenho a fazer... maior eu fico e, em contrapartida:


... menores ficam aqueles que não se preocuparam em voar.

sábado, 30 de agosto de 2008

Prólogo


O cadillac 60s vermelho bordeaux seguia pela BR 116 tão rápido quanto a chuva caía. Patrick Gulek nunca mais sentiria os raios solares novamente, não depois do que havia feito.

Toda ação provoca uma reação e agora mais do que nunca Patrick sabia que isto era verdade. A BR que permanecera deserta desde que ele saíra do perímetro urbano agora contava com mais um veículo. O grande caminhão-cegonha estava parado na horizontal interditando os dois sentidos da BR. Um homem estava de pé em frente ao grande caminhão, imóvel, como se esperasse por Patrick. O foco de luz branca do farol do cadillac fazia com que as lentes amarelas dos óculos do homem brilhassem no meio da BR escura como duas lanternas a espiar o pequeno ponto vermelho bordeaux que se aproximava. A chuva continuava caindo torrencialmente e não havia como passar sem colidir com o enorme veículo imóvel.

Patrick Gulek possuía apenas três opções: continuar avançando pela BR e morrer numa catastrófica colisão; parar e esperar que o homem de óculos amarelos o matasse ou voltar ao perímetro urbano e ser baleado antes que passasse pelo segundo quarteirão.

O cadillac 60s foi perdendo a velocidade até estancar completamente sobre a BR molhada. O homem de óculos amarelos se aproximava a passos firmes do carro vermelho bordeaux. Ele conhecia o homem e sabia que não adiantaria fugir, não agora.

Eles não saberão como ler... a senha está segura. Por mais que a peguem, não saberão como ler.

Patrick abriu a pequena maleta preta de couro no banco do carona e viu que o único tesouro que restara de sua família ainda estava lá. Então viu uma mancha de sangue crescendo no lado esquerdo de sua camisa... depois não viu mais nada.

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A secretária eletrônica da suíte 1573 acabara de receber uma mensagem. A voz rouca disse claramente:

— A nova senha está comigo.

Fim da mensagem.

domingo, 17 de agosto de 2008

Um assalto (parte I)



O banco estava repleto de pedintes e pedantes, todos ansiosos por seus salários e pensões. Inválidos validando a senha no caixa eletrônico. A fila preferencial estava também repleta de interesseiros e interessados senhores de idade. Neste caos humano é que o homem com uniforme azul de frentista saca de sua mochila Caixa 2 uma 38 semi-automática:

-- Isso é um assalto!

O pânico silencioso ensurdeceu os guardas da Agência de Segurança que se entretiam numa infinda partida de pocker; enquanto caía a pressão de todos os office-boys com os malotes abarrotados de contas a pagar. O frentista estava acompanhado. Novas semi-automáticas surgiam entremeio aos gritos de "fiquem quietos", "mulheres para este lado e homens para aquele"...

A mulher que tailleur cinza estava calma, sabia que precisava apenas obedecer às ordens dos assaltantes e que não havia outro jeito senão entregar os bens de valor que possuía no momento.


A mulher de cinza era Thula Becker e nem imaginava que o frentista de uniforme azul que apontava uma semi-automática para a sua cabeça roubaria também o seu coração... mas não neste dia, não neste banco, não com este uniforme...

quarta-feira, 30 de julho de 2008

Um beijo é o pingo do " i " da palavra amor.



-- Un bisou c'est le point sur la " i " de mot aimer...

-- O que isso significa?

-- Um beijo é o pingo do " i " da palavra amor.

-- Mas a palavra amor não tem i.

-- Talvez só funcione no francês.


A passividade do homem contemporâneo é gritante. Viramos uma raça sedentária e mecânica, onde a busca pela satisfação de nossas vontades é delimitada pela capacidade tecnológica de nossos celulares, controles remotos e computadores.
O que fizemos do sentimento - além de digitalizá-lo em personagens cibernéticos e não sensoriais?
O "t amu" das salas de bate-papo representará o futuro dos matrimônios? Ainda existem matrimônios, ou os líderes religosos também estão demasiadamente ocupados em seus perfis e comunidades de orkut?

Ser, o beijo, o pingo do 'i' da palavra 'amor' transcende a questão gramatical francesa. Talvez o romantismo funcione apenas no francês, ou talvez nem lá. Sei apenas que o amor existe, queiram os "homo digitalius sapiens" ou não. Estejam as Tecnologias de Informação a favor ou não.

" Um beijo é o pingo do " i " da palavra amor. "

terça-feira, 15 de julho de 2008

Lobo do lobo do homem?


Thomas Robbes já afirmou que o homem é o lobo do homem; pois bem, séculos mais tarde algum insano complentou a compulsoriedade de sermos, nós homens, o lobo do lobo do homem. Discordo!

Em absoluto!

O homem precisa sim de um lobo, faminto e voraz; que o persiga incessantemente por onde existir vida. É essa perseguição que faz com que o homem evolúa.
Se não fosse o medo da morte não criaríamos inúmeras ciências, engenharias genéticas, clones e células tronco... Se não fosse o medo da solidão não nos casaríamos... Se no fosse o medo do inferno, não procuraríamos o céu...

"Se Deus não existisse, seria preciso inventá-lo" não sei exatamente o que Voltaire quis dizer quando proferiu tais palavras, mas o que retesou em meu âmago foi o seguinte: se Deus não existisse seria previso inventá-lo. Não inventar um deus que pudéssemos adorar, mas invertar um deus que afastasse e nos protegêsse dos demônios (que seriam criados em contrapartida)... o ser humano não se apega às religiões por amar a Deus, mas por temer o diabo.

Assim, reafirmo que o homem precisa - sim! - de um lobo, de um homem bomba, de uma serial killer, de um chefão da máfia italiana, de um Hitler... Apenas na ânsia de sobressair a esses "males" é que o homem evolui.

"A inteligência construiu a bomba atômica, a sabedoria decidiu desarmá-la"...

-- Não sejamos, homens sensatos, o lobo do lobo do homem, pois o homem precisa, sim, de um lobo; para que possa evoluir !!! Sejamos o lobo do 'lobo do lobo' do homem!

segunda-feira, 7 de julho de 2008

O paraíso é a coisa mais chata que existe!

"O paraíso é a coisa mais chata que existe!"
Quando esta frase fora diferida, na primiera aula de filosofia, o professor imaginava que ela fosse entrar num ouvido e sair pelo outro; que os alunos iriam dar a mesma atenção que davam às outras assertivas a respeito dos sofistas: nenhuma! Ele estava quase certo, exceto por uma coisa:
- Eu estava lá.
De imediato não manisfestei minha opinião, guardei-a para mim. Mas precisava falar que concordava, que foram as palavras mais verdadeiras e sinceras que poderiam ser ditas numa sala de aula do precário ensimo superior brasileiro.
O paraíso é a perfeição de tudo o que há, um lugar onde não há fome nem guerras nem tristezas. Um lugar onde não há sonhos - pois se tem exatamente o que precisa. Um lugar onde não há desejos, não há metas, não há conquistas... Não evoluímos porque já estamos no ápice da existência...
Um lugar que não oferece nenhuma chance de crescer, de obter alguma recompensa resultante de certo esforço, onde nem ao menos se pode sonhar ou desejar... onde o querer não existe... um lugar assim não pode ser chamado de excitante, ou atraente.
Não pode ser chamado de outra coisa senão: CHATO !